quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sem palavras...


Durante toda a sua existência, que pode chegar a 100 anos, a tartaruga marinha só vai à terra firme para desovar. Numa visita noturna, ela procura um lugar mais seco na areia para proteger seus ovos da maré salgada. Se algum estranho está por perto, a mãe zelosa volta para a água. Mais tarde, talvez até em outro dia, sentindo-se segura, ela arrasta, de novo, seus 200 quilos pela praia e começa a cavar o ninho com suas nadadeiras traseiras. A tarefa deixa a fêmea em um tal estado de transe, a ponto de não ser capaz de notar a aproximação de um pescador. Atenta à centena de ovos que despeja, ela pode até ser degolada, sem esboçar qualquer reação. Todo cuidado e zelo é pouco, mas com a finalidade de perpetuar a espécie.
Milhões de tartarugas marinhas foram mortas nas últimas duas décadas por consequências de rede de pesca. Forte isso não ? Mas as vezes parece que esses fatos acontecem bem longe da gente, ou apenas na tv.
Mas certo dia ao caminhar pela orla marítima avistei uma tartaruga marinha em processo de mutilação, devido a uma rede enroscada em sua nadadeira. Eu e meu marido tentamos desesperados ajudar a salvá-la, mal conseguia se arrastar na areia, pois o peso da rede tramada em sua nadadeira não deixava. Ela estava em sofrimento, e nós também. O olhar deste animal nunca vou esquecer.Aprendi muito neste instante, como diz Maturana " o conhecimento é indissociável da emoção".Sei que ela perdeu uma parte de seu corpo, mas fizemos naquela hora o que estava em nosso alcance.
Nunca mais esquecerei esta cena. Nunca mais a encontrei. Sempre estou com meu olhar atento ao mar e na areia, quem sabe um dia eu possa tornar a vê-la, quem sabe????

Nenhum comentário:

Postar um comentário